É importante reconhecer que períodos de balanço energético positivo e negativo
podem ocorrer no decorrer da vida com conseqüente a flutuação do peso corporal.
Contudo, uma perda de peso além da flutuação normal deve ser investigada. Após a
terceira década ocorre uma perda de massa magra na proporção de 0,3 Kg/ano, esta
perda tende a ser compensada por um aumento de gordura até aproximadamente os 65 a
70 anos, quando se dá o pico do peso corporal. Após esta idade ocorre uma perda de
peso de 0,1 a 0,2 Kg/ano, portanto perda de peso maior que esta faixa deve ser
investigada115
.
Podemos dividir as maiores causas de perda involuntária de peso em 4 categorias:
social (pobreza, isolamento emocional, desconhecimento de informações sobre nutrição);
psiquiátrica (demência, depressão, anorexia nervosa, alcoolismo, manipulação, fobia do
colesterol); médica (efeitos farmacológicos, problemas de dentição, salivação e
mastigação, incapacidade funcional e doenças sistêmicas) e relacionadas ao
envelhecimento (disfunção da sensibilidade olfatória e do paladar, supressão do apetite).
A avaliação clínica deve incluir uma cuidadosa história clínica e exame físico. Caso
eles não sejam suficientes para o diagnóstico, alguns testes laboratoriais são indicados.
Se os resultados dos testes laboratoriais são normais, é preferível um período de
observação à uma investigação sem critérios que poderia seu pouco útil116. Uma atenção
precoce à nutrição e prevenção da perda de peso durante os períodos de trauma agudo,
particularmente durante internações hospitalares, pode ser extremamente útil já que os
esforços despendidos para uma realimentação, freqüentemente apresentam resultados
frustantes.
RELAÇÃO ENTRE NUTRIÇÃO E O ENVELHECIMENTO DE SITEMAS E ÓRGÃOS
ALTERAÇÕES NA COMPOSIÇÃO CORPORAL
Peso corporal e Índice de massa corporal (IMC = peso(kg)/altura²(m))
Através de estudos transversais têm sido demonstrado que o peso corporal e o
IMC aumentam com a idade em países desenvolvidos. Este aumento, relacionado com a
idade, no peso e na adiposidade são observados em ambos: mulheres e homens117
.
Após os 70 anos, entretanto, peso corporal e IMC diminuem. Vários estudos em
indivíduos mais jovens sugerem que peso corporal e IMC elevados estão associados com
mortalidade aumentada118. Nos idosos esta relação persiste porém mais atenuada. Há
evidências em mulheres idosas de que o IMC elevado está associado com saúde
prejudicada, incapacidades e qualidade de vida inferior. Um problema fundamental na
interpretação destas tendências no peso corporal e IMC é que eles não refletem as
alterações na composição corporal e na distribuição de gordura corporal. Para entender
melhor os efeitos do envelhecimento sobre as necessidades protéicas e energéticas, as
alterações da composição corporal devem ser conhecidas119,120
.
Composição corporal
A adiposidade aumenta com a idade com a re-distribuição da gordura corporal
para o compartimento abdominal central. Este aumento da adiposidade abdominal ocorre
em ambos, homens e mulheres, mas podem acelerar em mulheres na pós menopausa. A
centralização da gordura corporal com a idade em idosos tem implicações, pois ela
aumenta o risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares e metabólicas.
A massa magra diminui com a idade. Esta redução está primariamente associada
com a perda de massa muscular esquelética, embora alterações em outros órgãos e
tecidos podem também contribuir. Perda de massa muscular contribui para reduzir a força
muscular, capacidade de exercício e atividade física. Estas alterações contribuem para
reduzir a capacidade funcional e isto pode aumentar as fraturas por quedas121
.
Parte das alterações na adiposidade e na massa muscular esquelética pode não
ser uma conseqüência imutável do processo de envelhecimento, mas pode ocorrer
secundariamente as alterações no estilo de vida. Desta forma, atividade física aumentada
pode atenuar algumas destas alterações na composição corporal, relacionadas com a
idade. Exercícios aeróbicos podem ser efetivos na atenuação do aumento da adiposidade
relacionada a idade, enquanto, exercícios de resistência podem diminuir a perda de
músculos esqueléticos.
Fonte:
Julio Cesar Moriguti
Professor Doutor da Divisão de Clínica Médica Geral e Geriatria da Faculdade de
Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo.
Diretor Científico da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia – Seção São Paulo.
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