Suplemento é usado por praticantes de exercícios como fonte de energia. Eficácia é questionada por especialistas
No ranking das receitas de academia, os suplementos de L-carnitina sempre tiverem espaço garantindo.
O apelo é bastante atraente: eles seriam capazes favorecer a metabolização de gordura e isso aumentaria a disponibilidade de energia para fazer exercícios.
Parece a combinação perfeita. A pessoa teria mais disposição para treinar e queimaria mais gordura. Com essa premissa, o suplemento conquista até hoje a simpatia de quem deseja definir a musculatura ou acelerar a queima de gordura. Contudo, não há evidência científica que sustente qualquer um destes benefícios.
Parece um raciocínio coerente, mas diversas pesquisas realizadas com usuários de L-carnitina demonstraram que esta lógica não se sustenta.
“O fator limitante para perda de gordura corporal não é a disponibilidade de L-carnitina, pois o organismo já produz grandes quantidades desse composto. O fator limitante é uma molécula chamada coenzima A (CoA), que controla o quanto de gordura está disponível como fonte de energia”, afirma o nutricionista Humberto Nicastro, pesquisador da Escola de Educação Física e Esporta da USP.
“Em termos numéricos, o organismo humano apresenta aproximadamente mil moléculas de carnitina para cada molécula de CoA”, compara o especialista.
No estudo, conta o professor, indivíduos consumiram carnitina combinada com 640 kcal de carboidrato na forma de glicose. A combinação demonstrou economia de carboidrato com maior tempo de exercício. Isso indica maior queima de gordura, de acordo com os pesquisadores da Universidade de Nottingham, autores do estudo.
“Porém, o indivíduo precisar fazer restrição calórica pelo consumo adicional de carboidrato”, pondera Lancha Jr.
Outro argumento relacionado ao uso de L-carnitina é que o suplemento seria capaz de alterar os níveis de colesterol, aumentando o bom (HDL) e reduzindo o ruim (LDL). “A elevação do HDL está mais relacionada à prática regular de exercícios aeróbicos (caminhada, corrida, natação, etc.). Não temos ainda estudos confiáveis sobre esse suposto efeito da L-carnitina”, argumenta Jomar Souza, especialista em medicina do exercício e diretor da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte.
A nutricionista Rafaella Kamantschek, da Associação Brasileira de Nutrição Esportiva, reforça a afirmação. "Alguns estudos demonstraram que a L-carnitina poderia retardar a fadiga muscular e as dores causadas pelo esforço físico excessivo", aponta.
Força ou fôlegoEssa nova evidência do estudo inglês reforça alguns indícios de que o potencial da L-carnitina esteja relacionado à musculação, em vez de atividades aeróbias. “O maior benefício ocorreria em exercícios de alta intensidade, como a musculação”, detalha Souza. Isso derruba a esperança de muitos alunos acima do peso, que buscam na L-carnitina uma forma de turbinar os efeitos de corridas em esteiras ou bicicletas ergométricas.
Além disso, o suplemento pode ser mais eficiente em homens do que em mulheres. “Se houver alguma influência na massa muscular, ela será mais evidente nos homens pelo efeito conjugado da maior quantidade de testosterona em relação às mulheres”, avalia o médico. Contudo, isso é ainda uma hipótese.
A fórmula mágica continua não existindo. Quer emagrecer ou ganhar músculos? O jeito é suar a camisa. “Não existe intervenção mais eficaz que a prática regular de exercícios físicos combinada a um programa alimentar, sendo ambos acompanhados por profissionais da área de educação física e nutrição”, defende Nicastro.
Fonte: IG
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